Patrícia Sanches
O vereador Celso Ferreira (DEM) jura inocência e garante jamais ter recebido propina para aprovar o projeto que autorizou o prefeito afastado Júlio Ladeia (PR) a contratar os serviços da Instituto de Desenvolvimento Humano, Econômico, e Ação Social (Idheas) para gerenciar a saúde do município. “Não ganhei cargos ou recebi recursos. O que eu votei na época era para a população ter uma saúde melhor”, argumenta o democrata.
Ele revela, entretanto, que foram identificados indícios de que vereadores receberam benefícios escusos. “Não citam, entretanto, quem seriam. Esse é o nosso questionamento”, reforça.
O democrata foi um dos parlamentares a votar a favor da proposta do gestor, em setembro de 2009, apesar do parecer contrário da assessoria jurídica do Legislativo e do Ministério Público. “Os advogados da prefeitura garantiam que era legal”, pondera o democrata. Ele alega ainda que, na época, foi feita uma emenda prevendo que o contrato deveria vigorar por apenas 3 meses. “As renovações ocorreram por conta e risco do Executivo”, se defende.
Celso, Haroldo Ferreira de Lima (DEM) e os republicanos Paulo Porfírio e Genilson Andra Kezomae são acusados de terem recebido propina para ajudar o prefeito na contratação da empresa, que conforme investigação da Polícia Federal, fazia parte de um grande esquema de desvio de recursos públicos, além de fazer superfaturamento ou simulação da realização de serviços em órgãos públicos, principalmente prefeituras.
Os quatro foram para a “berlinda” juntamente com Ladeia, que já está afastado do cargo por causa de outros problemas, e o vice José Jaconias, que comanda o município, nesta segunda (13), quando os vereadores aprovaram a criação de uma Comissão Processante.
Na oportunidade, os parlamentares acolheram o parecer de uma outra comissão que já havia sido aberta para apurar o caso. Agora, cabe à Câmara definir na próxima segunda (21) se afasta todos os envolvidos durante os 30 dias em que a investigação transcorrerá. Neste caso, viraria prefeito o presidente da Casa Miguel Romanhuk (DEM). A pressão popular é grande.
Nesta segunda, por exemplo, mais de 2 mil pessoas acompanharam as mais de 3 horas de sessão. “Tranquilo ninguém fica, porque é política, mas minha consciência é tranquila. Vou provar que aprovei a mensagem pensando em melhorar a saúde”, afirmou.
Todos os envolvidos são acusados de tráfico de influência, atos de improbidade administrativa e recebimento de propina. O esquema envolvendo instituto foi descoberto após a deflagração da Operação Hygeia no ano passado. As irregularidades, conforme a PF e Controladoria Geral da União (CGU), ocorreram causaram um prejuízo de pelo menos R$ 51 milhões ao erário.
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