Por Bárbara Kelly Nunes Ferreira
Sabendo-se que o papel da escola é transmitir o conhecimento,
promover o desenvolvimento do cidadão e dar aos alunos os ensinamentos de que
eles necessitam para viver e trabalhar neste mundo de evolução, bem como
orientá-los para a vida.
A escola é o lugar onde a criança começa a trilhar o caminho na
sociedade, pois lá se tem o contato e a interação com outras pessoas que são
totalmente diferentes daquelas que se convivem na família. Além de que, é quando a criança vai se
desenvolver, dividir seu espaço e onde
encontrará várias diferenças, como exemplo, negros, pardos, cristãos, judeus,
homossexuais e assim por diante. Aí está a importância da escola na construção
do sujeito, pois segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), visando
uma educação voltada para a construção da cidadania, propõem, em forma de temas
transversais, a inclusão da orientação sexual no currículo escolar. Neles, a
sexualidade é considerada como algo inerente à vida e à saúde e deve ser
entendida como um processo de intervenção pedagógica, que tem como objetivo
transmitir informações e problematizar questões a ela relacionadas, incluindo
posturas, crenças, tabus e valores.
Segundo
CHAGAS (1996), a sexualidade faz parte do contexto escolar, não há como
negá-la; então cabe a ela corrigir, enriquecer e ampliar o conhecimento dos educandos
a cerca de sexualidade e também fazer um trabalho com a família e sociedade, na
qual esse educando está inserido.
Sabat
(2007, p. 149) argumenta que a educação, compreendida de maneira ampla, é um
dos processos mais eficientes na constituição das identidades de gênero e
sexual. Em qualquer sociedade, os inúmeros artefatos educativos existentes têm
como principal função com/formar os sujeitos, moldando-os de acordo com as
normas sociais.
Justifica-se
assim a importância do tratamento de questões relacionadas às relações de
gênero e diversidade sexual durante o processo de ensino aprendizagem, pois a
escola não pode mais simplesmente encaminhar ou marcar horário para tratar
destas questões, cabe a ela se aprofundar em conhecimentos científicos
historicamente construídos e através de discussões e reflexões oportunizar a
mudança de atitudes a todos/as os/as sujeitos envolvidos na educação. No
entanto, percebe-se que o/a educador/a tem uma posição de fuga de sua
responsabilidade, de aprofundamento de estudos acerca de temas que não condizem
especificamente com seus conteúdos disciplinares, como se a educação só se restringisse
ao conteúdo específico de cada área do conhecimento.
Os
professores não se sentem preparados para trabalhar com a questão do
homossexualismo em sala de aula, pois tem medo de elaborar críticas ou o
assunto tratado cause mais preconceito e isso possa a ofender alguém, porque
geralmente quando se toca nesses assuntos em sala de aula, é comum ouvir “ih
vai começar a falar de veado, ah eu sou macho”, então
esse assunto se não for bem planejado e
trabalhado pode haver até discussão com ofensas, pois infelizmente o
preconceito é muito forte.
De
acordo com Itani (1998), o preconceito não existe em si, mas como parte de
nossa atitude em relação a alguém ou alguma coisa, revelando um imaginário
social.
Nossa
atitude de preconceito em relação a alguém ou a alguma coisa está apoiada num
conjunto de representações. O preconceito, como significado, quer dizer
pré-conceito, uma opinião já formada a respeito de determinado assunto, pessoa
ou objeto.
A
sexualidade não deve ser encarada com preconceitos, pois cada um possui uma
maneira própria de viver sua sexualidade, e essa é individual, não possui um
padrão fixo.
Referências:
BISCOLI,
C.; FAVARÃO, N.R.L.; FEITEN, R.H.; SOUZA, A.C.P.; PERPÉTUO, C.L. Sexualidade em sala de aula: um estudo da
produção de sentidos. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, 9(1), jan./abr.
p.47-55, 2005.
CHAGAS, Erc. Educação sexual: reflexões e proposta. Educação 1996; 30: 137-154.
ITANI,
Alice, 1998. Vivendo o preconceito em
sala de aula,In: AQUINO, Julio Groppa (org.) Diferenças e Preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo, Summus.
LOURO,
Guacira Lopes Gênero, sexualidade e educação. Petrópolis, RJ. Uma perspectiva pós-estruturalista:
Vozes, 1997.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural
e orientação sexual. 2.ed. Brasilia: DP & A, 2000.
RIBEIRO,
Letícia
Érica Gonçalves Ribeiro. Sexualidade, qual é o papel da
escola? Revista Mátria, Março, 2009.
A AUTORA é Professora,
especializanda em Gêneros e Diversidade na escola UFMT. Reside em Sorriso/MT. Email: barbaratga@gmail.com
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