DOUGLAS TRIELLI
O juiz plantonista Luís Fernando Voto Kirche, da Vara de Ação
Civil Pública e Popular, determinou o bloqueio de bens dos deputados José Riva
(PSD) e Mauro Savi (PR), do empresário Jorge Defanti, da Probel Comércio de
Materiais, em R$ 2,3 milhões.
A ação foi movida pelo Ministério Público Estadual (MPE), que
acusa o grupo de supostamente fraudar dezenas de licitações e simular a
aquisição de material de expediente, artigos de informática e similares, que
nunca teriam sido entregues à instituição.
Além deles, ainda tiveram os bens bloqueados Luiz Márcio Bastos
Pommot, Djan da Luz Clivati e Gleisy Ferreira de Souza.
Na ação, o MPE afirmou ter desvendado um esquema de desvio de
dinheiro público liderado por Riva, com ajuda de Savi e de funcionários
públicos e empresários. "A quantidade de papel adquirido para a produção
de livros a serem entregues na Assembleia, no total de 150.000 livros, daria
para cobrir o litoral do Brasil, se fosse colocado lado a lado cada folha"
“[Riva] atuando como ordenador de despesas da Assembleia,
exercendo a função de Presidente ou Primeiro Secretário, idealizou o esquema
contando com efetiva colaboração de dos demais requeridos, a fim de fraudarem
procedimento licitatório para aquisição de material gráfico junto à empresa
requerida, via compra simulada, ocorrendo pagamentos sem que houvesse a efetiva
entrega dos materiais”, disse o juiz, na ação.
Para Luis Fernando Kirche, existem “indício latentes” de desvio de
dinheiro levantados pelo Ministério Público, que bastam para a concessão da
liminar.
Entre elas, o juiz citou o fato de a Assembleia ter gasto R$ 68
milhões com a aquisição de papel e de material gráfico.
“Os equipamentos encontrados na gráfica Popel, pela sua qualidade,
não conseguiriam imprimir a quantidade de material gráfico a ser entregue para
a Assembleia Legislativa de MT, e não há comprovação de que a empresa tenha
adquirido a quantidade de papel a ser fornecida”, afirmou o magistrado.
Apesar de o material supostamente nunca ter sido entregue na
quantidade contratada, o MPE afirmou, em denúncia feita à Justiça, que os
valores teriam sido pagos integralmente ao ex-deputado estadual Maksuês Leite
(PP), proprietário da gráfica Propel - Comércio de Materiais para Escritório
Ltda., vencedora da licitação para o serviço.
“Conforme levantamento técnico feito pelo Ministério Público, a
quantidade de papel adquirido para a produção de livros a serem entregues na
Assembleia Legislativa, no total de 150.000 livros, daria para cobrir o litoral
do Brasil, se fosse colocado lado a lado cada folha”, afirmou o juiz.
Afastamento
O MPE ainda pediu, na ação, o afastamento de Riva e Savi e o
impedimento, via liminar, para que ambos ocupem cargo de direção da Assembleia
Legislativa.
No entanto, o juiz plantonista indeferiu o pedido por entender ser
necessário “maior dilação probatória”, para se comprovar a existência de risco
nas investigações.
“No mais, o requerido José Geraldo Riva não logrou na última
eleição a eleição a qualquer cargo público, tendo sido obstado a concorrer a
cargo de Governador pela Justiça Eleitoral; não evidenciando – se o risco
informado pela parte autora”, afirmou em sua decisão.
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