Um acordo firmado por um grupo de representantes dos caminhoneiros
durante reunião com o governo do estado está sendo descumprido e os
caminhoneiros continuam impedindo a passagem de veículos com cargas de
alimentos perecíveis e de combustíveis pelas BRs 163, 364 e 070, nesta
quarta-feira (25). Nessa reunião, realizada nesta terça-feira (24), ficou
acordado que os manifestantes permitiram o tráfego de veículos com esse tipo de
carga, evitando maiores prejuízos, principalmente à colheita de soja.
O empresário do ramo de transportes de cargas, Gilson Baitaca, da
região de Lucas do Rio Verde, a 360 km da capital, disse que os caminhoneiros
que encontram-se parados nas rodovias não aceitaram o acordo e alguns estão até
mesmo ameaçando os caminhoneiros, com cargas de combustíveis e perecíveis, que
tentam seguir viagem. "Autorizamos a liberação e garantimos ao governo que
as vias seriam liberadas [para esses veículos], mas os caminhoneiros não
aceitam que alguns sigam e eles não", afirmou.
Por causa disso, ele
informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) o governo do estado foram
comunicados para que seja feito reforço policial nas vias, de modo que os
caminhoneiros permitam a passagem. "Isso faz com que a colheita de soja
não seja prejudicada e a soja seja levada para os armazéns. A maior fatia do
transporte é no setor primário", disse o representante da categoria.
Falta de combustíveis
A falta de combustíveis tem afetado vários municípios do estado. A
maioria deles na região Norte do estado. Em Sinop, a 503 km da capital, por
exemplo, os postos não abriram nesta quarta-feira porque estavam sem
combustíveis para comercializar. De acordo com o Sindicato do Comércio
Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo), a região
Norte foi a primeira a sentir os efeitos do protesto dos caminhoneiros, que
começou há uma semana no estado.
O desabastecimento também atingiu os postos de Sorriso, Guarantã
do Nortee Lucas do Rio Verde. Porém, o
diretor executivo do Sindipetróleo, Nelson Soares Junior, é provável que o
problema tenha se estendido para outros municípios vizinhos. "Se ali não tem,
com certeza nas proximidades também não tem", avaliou. Os postos de
Paranatinga, na regiao sul do estado, também enfrentam a falta de combustível.
Para ele, o problema desse protesto é que não tem nenhum líder que
decide, porque não tem ninguém [um representante] com poder de decisão.
"Estava tudo decidido que iriam liberar, mas na rodovia ninguém quer
cumprir esse acordo", reclamou.
Bloqueios
De forma um pouco mais tímida, os bloqueios tiveram início na
quarta-feira da semana passada (18), apenas na BR-163. No entanto, com o passar
dos dias, o protesto foi ampliado para mais trechos da BR-163. Depois, na
segunda-feira (23), dois trechos da BR-364, em Cuiabá e em Rondonópolis, a 218
km da capital, onde fica o terminal ferroviária da América Latina Logística
(ALL), foram fechados.
Nesta terça-feira (24), com dois bloqueios na BR-070, em Primavera
do Leste, 10 trechos ficaram interditados e a situação continua a mesma nesta
quarta-feira (25). Com as interdições, o movimento de caminhões para
descarregamento caiu 75% desde o último final de semana, de acordo com a
assessoria da ALL.
Nesta quarta-feira, os manifestantes bloqueiam seis trechos da
BR-163, sendo que dois em Diamantino, além de dois trechos da BR-364 em
Rondonópolis e Cuiabá e de dois trechos da BR-070, em Primavera do Leste. Eles
impedem a passagem de caminhões, exceto aqueles que transportem animais. Ainda
não existe a previsão de liberação.
0 Comentários