LUCAS RODRIGUES
DO MIDIAJUR
O
desembargador Orlando Perri, que presidiu o Tribunal de Justiça de Mato Grosso
na gestão 2013-2015, afirmou que não considera temerária a possibilidade de
juízes investigados pela Corregedoria de Justiça se inscreverem para atuar como
convocados nas câmaras cíveis e criminais do Judiciário.
A
discussão sobre o tema foi levantada no final de dezembro do ano passado pelo
desembargador Marcos Machado, que avaliou como “constrangedor” o fato de o TJMT
não barrar a inscrição de juízes "O entendimento do Pleno do Tribunal é de
que, enquanto não houver condenação, ninguém pode ser considerado culpado"
alvos de investigações.
Para
Perri, o tribunal pode, futuramente, regulamentar essa situação, mas, no
momento, deve ser respeitada a Constituição Federal, que garante a presunção de
inocência a todos os cidadãos.
“Ninguém,
antes da sentença final, pode ser considerado culpado. Então, o tribunal tem
respeitado esse preceito”, disse o magistrado ao MidiaJur.
Questionado
se a possibilidade de um juiz investigado por possível desvio de conduta atuar
como convocado no TJMT não causaria uma situação de insegurança perante a
sociedade e a própria magistratura, o desembargador preferiu apenas reforçar
que "o tribunal deve seguir o que determina a lei".
“O
entendimento do Pleno do Tribunal é de que, enquanto não houver condenação,
ninguém pode ser considerado culpado”, reafirmou.
Polêmica
na Corte
Na última
sessão plenária de 2014, o desembargador Marcos Machado apontou que deveria
existir um requisito impeditivo para evitar que juízes investigados atuassem
nas câmaras do TJMT
Se dizendo
“inconformado”, o desembargador lembrou o caso do juiz Marcos José Martins de
Siqueira, que atuou livremente nas câmaras cíveis até ser aposentado
compulsoriamente por corrupção (veja AQUI).
“O juiz
Marcos Siqueira estava sendo processado, foi aposentado, havia votos pela
aposentadoria chegando à maioria, e ele continuou a atuar em câmaras cíveis. Eu
não aceito isso, por conta de uma omissão que envolve uma regra deontológica.
Isso provoca uma conduta no mínimo de expectativa, de se acautelar o interesse
do tribunal perante os olhos sociais, perante a própria magistratura”, apontou
Machado.
Crítica
semelhante foi feita por ele, em junho daquele ano, quando não concordou com o
deferimento da inscrição do juiz Roberto Seror como substituto nas câmaras
cíveis, em razão do magistrado ter sido citado como integrante de um esquema
investigado pela Polícia Federal, por meio da Operação Ararath.
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