Patrícia Neves
As cinco ações em decorrência da ‘Operação Ararath’ já resultam em
um total de R$ 93 milhões em apreensões, de acordo com dados do Ministério
Público Federal (MPF). A medida foi autorizada pelo juiz da 5ª Vara Federal de
Mato Grosso, Jeferson Schneider.
No total, tramitam na Justiça Federal cinco processos, todos na 5ª
Vara, e apuram um esquema que servia para o abastecimento de campanhas
eleitorais e compra de apoio político. A estimativa apontada pelo MPF é a de
que cerca de R$ 500 milhões tenham sido movimentados no ‘esquema’ ao longo de
oito anos.
"Só poderemos trabalhar com números absolutos e precisos
depois que o MPF houver encerrado o seu trabalho e oferecido todas as denúncias
em relação a todos os fatos e pessoas envolvidas. Porém, até o momento nas
cinco ações penais já propostas e recebidas pela Justiça, houve um total de R$
93 milhões em bens e valores bloqueados", disse o procurador da República
Ronaldo Queiroz em reportagem da TV Centro América.
Segundo a denúncia do MPF, o ex-secretário de Estado, Eder de
Moraes Dias arquitetou um esquema para utilizar os empréstimos clandestinos com
o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior - Júnior Mendonça - a mando e no
interesse de determinado grupo político de Mato Grosso. Todo o esquema veio
abaixo com a delação feita pelo empresário Júnior Mendonça e depoimentos de
Eder Moraes, à Polícia Federal. O “banco clandestino” ainda auxiliava seus
tomadores na ocultação da origem de recursos recebidos por empresas privadas
A ação ganhou repercussão nacional pela complexidade do esquema e
número de envolvidos. Coube as Delegacias de Combate ao Crime Organizado e a
Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos a
apuração do caso. Uma lista apreendida pela PF aponta que pelo menos 70
empresas utilizaram ‘recursos’ oriundos de esquemas fraudulentos de
empréstimos.
A ação policial levou para prisão Eder Moraes,uma das figuras
políticas mais emblemáticas do Estado. Homem forte do governo Blairo Maggi,
atuou em cargos de destaques durante a sua gestão (2003 a 2010), como
secretário de Fazenda, presidente da Agência da Copa do Mundo (Agecopa), da
Casa Civil e também diretor da Agência de Fomento de Mato Grosso. Além dele, o
ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva (PSD), foi
também detido sob acusação de possuir forte influência o que poderia prejudicar
as investigações. Riva foi solto três dias depois da deflagração da operação em
23 de maio por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias
Tofolli - o mesmo que autorizou a decisão da prisão.
Após mais de 60 dias, Moraes foi colocado em liberdade e negou à
imprensa as informações divulgadas por Mendonça. Ele foi à Justiça também para
anular os depoimentos prestados argumentando que agiu sob forte influência
psicológica.
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