A renegociação da dívida pública de Mato Grosso, assinada pelo
ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em setembro de 2012, durante viagem para
Nova York, nos Estados Unidos, está causando “dor de cabeça” ao Governo. A
equipe econômica do governador Pedro Taques (PDT) acaba de descobrir que o
contrato assinado com o Bank of America elege a cidade de Boston como foro para
resolução de qualquer pendência.
Para o chefe da Casa Civil, Paulo Taques, a cláusula configura um
verdadeiro absurdo. “Como pode um ente público que é o governo estadual firmar
contrato com ente privado que é o Bank of America e eleger o foro nos Estados
Unidos se o banco tem sede no Brasil? É uma cláusula leonina e draconiana”,
questiona.
Na prática, se o Executivo concluir que a renegociação conduzida
por Silval trouxe prejuízos para Mato Grosso, o governador precisa ir a Boston
para rediscutir o contrato. Entretanto, o Bank of América tem sede na avenida
Brigadeiro Faria Lima, no bairro Pinheiros, em São Paulo. “A Procuradoria-Geral
do Estado está fazendo análise jurídica da cláusula. É preciso deixar claro que
o governador Taques não tem intenção de dar calotes, mas não vamos deixar de
rediscutir e renegociar tudo aquilo que vem em prejuízo ao Governo e em
consequência, aos cidadãos mato-grossenses”, garante o chefe da Casa Civil.
A operação de crédito para renegociação da dívida foi autorizada
pelo Senado, em 29 de agosto de 2012. A oficialização aconteceu poucos dias
antes da viagem de Silval aos Estados Unidos. Com a renegociação, Mato Grosso
contraiu empréstimo com o Bank of America/Banco do Brasil no valor de U$ 479
milhões, para pagar parte da dívida do Estado com a União, que estava em R$ 4,6
bilhões. Os juros, que eram de 13,5 % ao ano, passaram para 5% em dólares
americanos pelo mesmo período.
Mato Grosso começa a pagar o empréstimo neste ano. Ainda assim,
tem mais oito anos para quitar a dívida com o Bank of America. À época,
acompanharam Silval e a ex-primeira-dama Roseli Barbosa, Vivaldo Lopes
(ex-adjunto do Tesouro Estadual), André Luiz (ex-assessor do governador), Luana
Braga (assessora de imprensa), major André Dorileo (ex-ajudante de Ordens do
governador) e Ludmilla Eickhoff (ex-ajudante de Ordens da primeira-dama), além
de Osvaldo Marins (ex- agente de Proteção de Dignitários).
O Rdnews tentou contato com Silval para buscar explicação sobre a
cláusula contratual, mas ele não atendeu nem retornou aos telefonemas até a
publicação desta matéria.
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