A delegada Angelina Ferreira autuou em flagrante o diretor e agentes; revista encontrou drogas e celulares na cadeia |
O Tribunal de Justiça acatou pedido de liminar do Ministério
Público do Estado de Mato Grosso e determinou o afastamento e a
indisponibilidade de bens dos sete agentes do sistema penitenciário da cadeia
pública de Nova Mutum (264 km ao Norte de Cuiabá), envolvidos em denúncias de
corrupção.
As residências dos acusados e o estabelecimento prisional também
foram alvos de mandados e busca e apreensão, cumpridos na quinta-feira (5).
Os servidores foram autuados em flagrante pela delegada Angelina
Ferreira, da Polícia Civil de Nova Mutum.
De acordo com o promotor de Justiça Leandro Volochko, as medidas
cautelares requeridas e autorizadas pela Justiça buscam assegurar efetividade
às investigações, evitando interferências e perturbações durante a instrução
processual.
O material apreendido deverá subsidiar ação civil pública por ato
de improbidade administrativa contra os acusados.
Conforme o MPE, os agentes carcerários são acusados de exigir o
pagamento de propina para facilitar a entrada de aparelhos celulares, bebidas e
drogas ilícitas dentro da cadeia pública de Nova Mutum.
Até mesmo churrascos eram realizados no interior da unidade
prisional, de acordo com investigações da Polícia Civil.
Depoimentos colhidos pelo MPE, no decorrer das investigações, demonstram
que as práticas de corrupção ocorreram por diversas vezes.
O promotor Volochko explicou que os fatos vieram à tona após a
fuga de 27 presos pela porta da frente da cadeia, na madrugada do dia 5 de
fevereiro.
Na ocasião, agentes em serviço foram seduzidos por parceiras dos
presos e acabaram ingerindo substância química, que resultou em sono profundo.
“Tal fato, somado ao fértil conjunto probatório, demonstra de
maneira evidente que a corrupção praticada pelos requeridos não é novidade”,
destacou o promotor, no pedido de liminar ao TJ.
Propina
Consta na ação cautelar proposta pelo Ministério Público que as
propinas exigidas pelos agentes carcerários para concessão de benefícios aos
presos variavam de R$ 800,00 a R$ 1.500,00.
A indisponibilidade de bens dos acusados atingiu o montante de R$
20.000,00 a R$ 30.000,00.
Foram acionados pelo Ministério Público: Henrique Francisco de
Paula Neto, Fabian Carlos Rodrigues Silva, Luiz Mauro Romão da Silva, Maurides
Benedito de Almeida, Rogério Paulo, Aurimar Cardoso Marques e Rafael Barros
Meira.
Drogas e "chuços"
Um dia depois da fuga, o servidor Antonio Lima, do Sistema
Prisional, foi nomeado o novo diretor da Cadeia Pública de Novo Mutum.
A indicação ocorreu após a demissão do diretor e de dois agentes,
que foram acusados de facilitar a fuga dos 28 presos.
Uma das primeiras medidas de Lima foi realização de um revista
minuciosa na cadeia, dentro da operação "Choque de Ordem", anunciada
no mês passado pelo secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque.
Durante a ação, os agentes localizaram 12 trouxas de pasta base de
cocaína, 9 celulares, meio tablete de maconha e vários objetos de fabricação
artesanal.
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