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Em Brasnorte, produtores celebram integração lavoura-pecuária

Na transição do bioma Cerrado para o bioma Amazônia, acima do município de Campo Novo do Parecis está o município de Brasnorte, na região Noroeste de Mato Grosso. A região é tradicionalmente de pecuária, sendo que o rebanho bovino do município é de 388 mil cabeças. Mas por ali, a agricultura já começa a dividir a paisagem com os pastos para o gado.
Na fazenda Nove de Julho, de Aldo Rezende Telles, a agricultura passou a fazer parte das atividades da propriedade a partir da safra 2012/13. Hoje o produtor vê a lavoura como uma parceira da pecuária e vice-versa. Planta soja, milho, Brachiária ruziziensis e faz feno com capim Massai. Possui cerca de 14 mil cabeças de gado, a maioria da raça Nelore.
Dos 8 mil hectares abertos, destina 1,1 mil hectares para lavoura-pecuária, ficando o restante para uso de pastos, que passaram a receber adubo com a agricultura de precisão, o que segundo ele não era possível antes da integração de culturas. “A pecuária passou cerca de 40 anos com perda de renda, sendo que com a agricultura o pecuarista passa a ter mais condições de investir na fazenda”, diz.
Com a valorização da arroba, no entanto, ele destaca que agora o cenário mudou. “Os frigoríficos têm procurado muito nossa carne, há necessidade de produzirmos. Antigamente, o pecuarista passava aperto e tinha que vender de qualquer jeito, isso baixava o preço, agora está faltando gado no mercado”, observa.
Telles foi reestruturando a fazenda para a nova realidade e possui silos, balança para pesar as cargas que vende e compra e máquinas agrícolas. Mas ele lembra que é preciso planejamento e investimentos para tomar esse rumo da integração lavoura-pecuária. “A lavoura se paga, mas o investimento é alto, em minha propriedade foram R$ 10 milhões”, afirma.
Outro pecuarista de Brasnorte que investiu na integração lavoura-pecuária é Diorlei Borges. Desde a safra 2013/14, ele planta soja e milho consorciado com Brachiaria ruziziensis. A melhoria nas terras logo surtiu efeito sobre um pasto que fica verde por mais tempo durante o período de seca, que em Mato Grosso ocorre entre os meses entre maio e setembro.
Este ano são 300 hectares de lavoura e 450 hectares de pasto. Cerca de 200 hectares que foram plantados com soja foram cultivados com braquiária na safrinha.
A decisão do produtor em diversificar as atividades de sua propriedade com a agricultura surgiu da necessidade de melhorar a produção de pasto e avançar na produtividade da pecuária. Foi preciso diminuir o rebanho de 1,7 mil cabeças para 1,4 mil cabeças para implantar as áreas de lavouras. A pastagem que ocupava 750 hectares passou a se estender por 450 hectares.
Segundo Borges, antes das mudanças, enviava o boi para o frigorífico com 18 arrobas e 36 meses de idade. Após a integração, com a adoção do semi-confinamento, conseguiu aumentar o peso para 20 arrobas e baixar o tempo de abate para 28 a 30 meses. O primeiro lote de 100 animais nesse peso será entregue para o frigorífico em junho. Outros 100 devem ser entregues no final do ano.
Animado com os resultados conquistados, ele almeja entregar o boi gordo ainda mais jovem para o abate, partindo da cria direto para a engorda em semi-confinamento, pulando a fase de recria. “Quero chegar a animais com 20 arrobas em 18 a 16 meses”, planeja.
Para Luís Fernando Conte, que é diretor de relações públicas da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e tem propriedades na região Noroeste, o Vale do Arinos teve seu desenvolvimento impulsionado pela pecuária, mas ele tem observado um avanço bastante interessante da agricultura, principalmente ao sul desta região, onde estão as terras mais planas, propícias para o cultivo. “Ao norte, onde as regiões são mais montanhosas, acreditamos que a pecuária vai se prolongar por mais tempo”, analisa.
A região tem tudo para ser bem sucedida com a chegada do cultivo de grãos, na opinião de Conte, já que o alimento passa a ficar mais próximo da matéria-prima da pecuária de corte que tradicionalmente produzem: o gado de reposição ou boi magro.
Os pecuaristas participaram da rota 2 do Acrimat em Ação, que teve início nesta quinta-feira (9), em Brasnorte e reuniu 169 pecuaristas. O segundo município visitado foi Tabaporã, no dia 10, onde compareceram 142 pessoas. Os próximos municípios desta rota são Juara (11), Aripuanã (13), Colniza (14), Cotriguaçu (15), Juruena (16), Castanheira (17) e Juína (20).

Na rota 3, a programação segue entre os dias 28 e 4 de maio na região Leste do Estado. Já a rota 4 visitará entre os dias 12 e 21 de maio os municípios da região norte.

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