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Frigorífico demite mais de 300 em Mirassol e MPT tenta reverter crise

Cerca de 320 trabalhadores do frigorífico Minerva
Foods, antiga BRF foram demitidos em abril
O Ministério Público do Trabalho (MPT-MT) esteve, na última semana, na sede da Prefeitura de Mirassol D’Oeste para tratar da crise instalada no município com a dispensa, em abril deste ano, de pelo menos 320 trabalhadores do frigorífico Minerva Foods, antiga BRF. A empresa é a segunda maior exportadora de carne e a maior em exportação de gado vivo do Brasil.

De acordo com o procurador do Trabalho, Leomar Daroncho, o número de desligamentos atingiu mais de um terço dos funcionários da planta. Explica que, além de uma análise do impacto na região, o objetivo do encontro foi o de estudar possibilidades de reduzi-lo. Uma delas é a reversão de eventuais valores, decorrentes ou de acordo ou de condenação por danos morais coletivos, para compensação dos prejuízos causados à comunidade mirassolense.

Segundo Daroncho, a ideia é utilizar os recursos que porventura sejam pagos pela companhia para estimular atividades ou projetos que gerem perspectivas de ocupação e renda na cidade. Para o prefeito Elias Mendes Leal Filho (PSD), o encontro com o MPT foi proveitoso e frisou a necessidade da aproximação com o órgão, uma vez que, segundo ele, “há situações em que podemos nos antecipar para viabilizar a manutenção dos empregos”.

O social-democrata ainda lembra que a população já vinha sofrendo com as demissões ocorridas em São José dos Quatro Marcos, a 14 quilômetros de Mirassol. “Na verdade, por sermos um polo regional, qualquer dificuldade enfrentada no Vale do Jauru afeta a cidade e acaba onerando o município”.

Esta é a terceira reunião realizada pelo MPT para discutir alternativas diante da situação. Na primeira, ocorrida em 20 de maio, na unidade da Minerva, o procurador solicitou informações sobre as condições em que a dispensa coletiva foi efetuada e questionou sobre os riscos de fechamento da planta. Na ocasião, um dos diretores afirmou que o estabelecimento não teria condições de assumir a recontratação dos trabalhadores desligados.

O segundo encontro aconteceu em Cuiabá, em 28 de maio, com o diretor jurídico Roberto Cézar dos Santos e com o advogado José Roberto Affonso, ambos da Mato Grosso Bovinos, divisão de gados que pertencia à BRF e foi transferida para a Minerva. Os representantes do frigorífico reiteraram que os desligamentos foram causados por problemas de mercado: preço do gado, aumento do custo de energia elétrica e do preço de insumos, e inconstância da variação cambial.

Destacaram que as dispensas tiveram a função de viabilizar a manutenção dos 668 postos atuais de trabalho. Todavia, o MPT lembra que o frigorífico descumpriu o entendimento jurídico vigente no Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao não realizar negociação prévia com o sindicato da categoria. “Embora a empresa se negue a reconhecer, o comunicado da empresa ao Sindicato não traduz o nível de debate exigido para situações como essa, em que devem ser adotadas cautelas que visem minimizar o trauma de”, alerta o procurador.

Após a reunião, a pedido do frigorífico, o MPT concedeu prazo de 20 dias para que a Minerva apresente propostas de valor a ser utilizado a título de compensação à localidade atingida e de benefício, que amenize a situação dos trabalhadores diretamente afetados pela dispensa.

Minerva e BRF
O segmento de bovinos da BRF foi transferido à Minerva S.A. em 2013, por meio de um acordo de troca de ações: a BRF passou a deter 29 milhões de ações, correspondentes a 16,29% do capital social total e votante da primeira.

Os ativos contemplaram duas plantas de bovinos, uma em Várzea Grande e outra em Mirassol D’Oeste. As empresas informaram, em 2013, que as unidades tinham capacidade total de abate de 2,6 mil cabeças de gado por dia e receita líquida estimada de R$ 1,2 bilhão.


A venda, todavia, só foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no fim de agosto de 2014, com a condicionante de que a BRF, empresa que surgiu da incorporação da Sadia pela Perdigão, não avançasse por meio de aquisições em mercados de produtos processados. O órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, tem a missão de zelar pela livre concorrência no mercado. (Com Assessoria)

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