Lucas Ferreira foi morto pelo pai da adolescente de 15 anos (Foto: Reprodução/ Facebook) |
O produtor rural suspeito de matar um jovem de 21 anos, na cidade
de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, prestou depoimento à Polícia Civil nesta
terça-feira (23) e alegou que a filha, de 15 anos, ficou grávida depois de ser
estuprada pelo rapaz. Lucas Ferreira Batista foi morto a pauladas na
sexta-feira (19) após procurar a família supostamente para conversar. A adolescente
está grávida de 7 meses.
Apesar dos amigos e parentes de Lucas dizerem que existia um
relacionamento entre ele e a adolescente, a família da garota negou o envolvimento.
Inicialmente, a polícia de Mato Grosso também afirmava que os dois namoravam.
A família da adolescente chegou a registrar boletim de ocorrência
na época do suposto estupro, porém, as investigações não avançaram.
No dia do assassinato, Lucas e o produtor rural brigaram. Para a
polícia, o produtor rural alegou legítima defesa, já que teria sido agredido
pelo rapaz. Ele relatou que usou um pedaço de madeira para golpear três vezes a
cabeça de Lucas.
Depoimento
O delegado que ouviu o depoimento do produtor, André Luis Barbosa,
declarou que a versão da família da garota foi esclarecedora. A adolescente
acusou o rapaz de ter colocado uma espécie de droga na bebida dela durante uma
festa e a estuprado.
“A adolescente alegava que tinha sido vítima de estupro. Ela disse
que foi a uma festa, sem o consentimento dos pais, e lá consumiram bebidas
alcoólicas. Em um certo momento ela perdeu a consciência e acordou com dor nas
partes íntimas. Alguns meses depois ela percebeu que estava grávida. O agressor
[Lucas] ficou sabendo e foi tentar assumir o filho”, explicou o delegado.
De acordo com o depoimento, a jovem não queria aproximação do
rapaz e contou o que houve para os pais, que também não permitiram que Lucas
fizesse contato com a adolescente. No entanto, conforme as investigações, Lucas
insistia em assumir um relacionamento e o filho.
“Essa situação se arrastou por cinco meses. No dia do crime ele
queria levar a menina embora, pretendia sequestrá-la. O pai deu um tiro para
cima [como alerta]. Ele não respeitou esse aviso e partiu pra cima dele”,
declarou André Luis.
O delegado entendeu que o caso se enquadra como homicídio
privilegiado. Conforme o Código Penal, o homicídio privilegiado é quando a
pessoa age por motivo de relevante valor social ou moral, sob forte emoção ou
desespero, logo em seguida à injusta provocação da vítima.
“Eu percebi que é uma família muito correta e antes mesmo disso
[do crime] eles já pretendiam assumir a criança e estavam dispostos a criá-la,
mesmo sabendo que ela era fruto de uma violência sexual”, afirmou o delegado.
Por se apresentar e cooperar com as investigações, o produtor foi liberado
depois do depoimento e deve responder por homicídio doloso (quando há a
intenção de matar). O corpo de Lucas foi transladado para Rondônia, onde vivem
os pais. O corpo dele foi enterrado no domingo (21) em Cerejeiras, Rondônia.
Versões
No primeiro momento a polícia havia recebido informações e
declarado, com base em testemunhas, de que havia um relacionamento entre o
jovem e a adolescente. No entanto, a família da adolescente grávida negou que
havia um namoro entre eles e afirmou em depoimento que a garota foi vítima de
estupro.
Ainda, o delegado tinha recebido a informação de que o pai teria
matado Lucas por não aceitar o suposto namoro e a gravidez. A família da
adolescente também contou ao delegado do caso que Lucas tentou assumir um
relacionamento e uma gravidez depois que descobriu que a adolescente havia
engravidado.
A polícia ainda vai ouvir outras testemunhas sobre o caso,
inclusive profissionais do Conselho Tutelar que teriam atendido a adolescente
na época do estupro. G1/MT
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