Por Claudecir Contreira
Para definir a situação atual dos Conselhos de Classe Profissional, nada melhor que o bom espanhol “pero que si pero que no”, isso porque desde meados de 2016, o Tribunal de Contas da União - TCU vem fazendo um levantamento e estudos técnicos, visando os mais de 30 conselhos que fiscalizam o profissional liberal.
De acordo com o
levantamento feito pelo TCU, esses Conselhos juntos arrecadam quase 4 bilhões
de reais, e essas cifras chamaram e tem chamado a atenção desse Tribunal.
Pois bem, no último dia 17
de julho, o TCU concluiu esse trabalho e o ministro Weder de Oliveira, relator
do estudo, apresentou relatório final.
O ministro, bem como seus pares, teceram
duras críticas aos conselhos, que vão desde altos valores das anuidades e sua
real aplicação e uso, ineficiência na fiscalização, destacando que apenas 9% da
arrecadação realmente é utilizadas nas atividades fiscalizatórias, sendo que, a
maior parte dos recursos acabam sendo destinados para alimentar o grande número
de empregados e muitos deles são parentes ou amigos íntimos de conselheiros.
Também tem ai à contratação de escritórios de advocacia de “amigos”, pagamentos
abusivos de diárias e jetons a conselheiros e realização de festas. Verdadeiros
abusos contra os profissionais inscritos, lembraram os ministros.
O ministro Aroldo Cedraz
disse que o trabalho do TCU está incomodando muita gente mal acostumada às
mazelas e mordomias que muitos desses conselhos proporcionam. Destacou que em
sua maioria os conselhos não punem como deveria os maus profissionais que lesam
a sociedade.
O ministro defende que os conselhos devem usar seus recursos para
investir na formação e capacitação dos profissionais para que a sociedade tenha
um atendimento de qualidade técnica elevada. No entanto lembra, que a forma
como essas escolas e universidades que
fornecem esses cursos estão nas mãos de dirigentes dessas classes
profissionais comprometendo a tão
necessária qualidade técnica. Já quem
fiscaliza não deveria fornecer treinamento e capacitação.
Atento ao relatório do TCU,
o governo federal encaminhou uma PEC (proposta de emenda à constituição) ao
senado que altera profundamente a forma de organização dos conselhos e coloca
em xeque a legitimidade e a real necessidade de existência desses conselhos.
A
PEC, se aprovada como está desobriga a obrigação de inscrição dos
profissionais, bem como, libera os já inscritos da obrigação de pagamento de
anuidades. Esses dois itens definitivamente eliminarão mais de 80% dos
conselhos regulamentados. Os conselhos que provavelmente se manterão sem essas
alterações são aqueles que atendem as questões de ordem social, risco à vida,
segurança e a ordem social e financeira. Destacam-se ai o CRM, a OAB e o
sistema COFECI-CRECI, que deverão sofrer menos modificações.
Além de reduzir as amarras para
o exercício de atividades profissionais, o objetivo do governo com o projeto é
estabelecer que os conselhos são entidades privadas, e não autarquias. Muitos
servidores têm recorrido à Justiça pedindo que esses órgãos sejam reconhecidos
como entidades públicas, o que significa que esses funcionários teriam
estabilidade e não poderiam ser demitidos.
O Sistema COFECI-CRECI
Pois bem, diante do que foi
apontado acima, e visando em especial os Corretores de Imóveis, faço meus
apontamentos quanto aos CRECIs (Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis) e
ao COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis).
Sou corretor de imóveis
desde o ano 2003 e proprietário de imobiliária já à 10 anos. Em 2016, assumi
como conselheiro regional no CRECI MT, onde ocupei as funções de diretor
secretário, quem tem entre suas principais atribuições a responsabilidade de
chefia a fiscalização. Também assumi a função de conselheiro federal no COFECI.
Nesse tempo pude conhecer a real situação do meu conselho.
Vi o quanto é difícil
administrar uma entidade que demanda tantos serviços e que arrecada pouco. Pude
conviver mais de perto com meus colegas de profissão e sentir junto com eles os
efeitos das diversas crises politicas e econômicas que esse país atravessou
nesse curto espaço de tempo. Convivi e ajudei no combate diário do tão cruel
EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO.
No conselho federal convivi com outros
dirigentes de vários CRECIs e do COFECI, destacando nosso presidente João
Teodoro. Testemunhei a luta árdua desse líder nas incontáveis ações
desenvolvidas para a valorização de nossos irmãos e irmãs corretores e
corretoras de imóveis. Sou testemunha e partícipe de uma história de luta com o
objetivo principal de proteger a sociedade de seres inescrupulosos que tentam
roubar o sonho da casa própria de pessoas com pouco entendimento para a
realização de negócios.
Reconheço aqui que o
relatório do TCU será de grande valia, porém, esse relatório, bem como, a PEC
do governo federal perdem ou diminuem sua eficiência quando “medem por baixo” a
todos os conselhos de profissão. É sabido que muitos conselhos são
ineficientes, altamente corporativos, corruptos e inúteis à sociedade.
Também é
sabido que alguns conselhos são na sua essência, muito eficientes, atuantes e
que às vezes aparece algum ou alguns dirigentes mal intencionados e que cometem
atos de corrupção prejudicando sobre maneira outros dirigentes e associados que
compõe esse conselho.
Mas devemos separar muito bem o que é bom daquilo que é
daninho e prejudicial a sociedade. Essa tarefa cabe ao próprio TCU, ao governo
federal, ao congresso nacional e por último caberá aos lideres bem
intencionados dos diversos conselhos e em especial ao meu sistema COFECI-CRECI,
que com bastante zelo e ética ajudo a administrar.
Nossas ações devem apresentar ao governo ideias mais arrojadas
que vão de encontro com as ideias do liberalismo econômico, capacitação
profissional e formação profissional mais eficaz. As atuais escolas de TTI,
Sinceramente já passou da hora de extinção.
Vamos dar vez e voz a gestão
imobiliária com alterações e adequações na grade curricular dos cursos.
Conclamo também a cada um que esteja lendo esse artigo para que se lembre de
que nós enquanto sociedade organizada precisamos de proteção legal, e os
conselhos de profissão tem feito isso, claro que alguns fazem mais e outros
fazem menos, porém, para acabar com qualquer que seja o conselho, o governo
deve apresentar outra alternativa de proteção a sociedade. Fiquemos alertas.
Claudecir Contreira, empresário no ramo imobiliário e corretor de
imóveis. Ocupa atualmente a vice-presidência do CRECI-MT, conselheiro federal
no COFECI e integra a comissão legislativa do sistema COFECI-CRECI.
0 Comentários