O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que atualmente analisa
a forma de implantação da figura do juiz de garantias, já produziu um estudo
técnico no ano de 2010 no qual concluiu pela inviabilidade da medida devido aos
seus custos e alertou para a possibilidade de provocar lentidão e prescrição
nos processos em andamento. O estudo foi enviado naquele ano ao Congresso
Nacional para subsidiar as discussões de uma reforma do Código de Processo
Penal.
Esse mesmo CNJ, agora comandado pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF, Dias Toffoli, está analisando de que forma o juiz de
garantias poderá ser implantado no Poder Judiciário de todo o País. Toffoli se
manifestou favorável e determinou que o CNJ cuidasse do assunto.
Naquela ocasião, em 2010, o então presidente do Supremo
Cezar Peluso, que também comandou o CNJ, montou um grupo de trabalho com
servidores do Judiciário, procuradores do Ministério Público Federal e
advogados para discutir todas as mudanças previstas no Código, dentre as quais
estava a figura do juiz de garantias. A nota técnica com a conclusão dos
trabalhos, assinada por Peluso em 17 de agosto de 2010 e enviada ao Congresso,
apontou “incompatibilidade” do juiz de garantias com a estrutura do Judiciário.
“A consolidação dessa ideia, sob o aspecto operacional,
mostra-se incompatível com a atual estrutura das justiças estadual e federal”,
diz a nota em seu oitavo parágrafo, que aborda o tema.
A análise feita pelo grupo é que nas comarcas onde há apenas
um juiz, seria necessário mais um magistrado para atuar como juiz de garantias,
o que acarretaria despesas excessivas. “O levantamento efetuado pela
Corregedoria Nacional de Justiça no sistema Justiça Aberta revela que 40% das
varas da Justiça Estadual no Brasil constituem-se de comarca única, com apenas
um magistrado encarregado da jurisdição. Assim, nesses locais, sempre que o
único magistrado da comarca atuar na fase do inquérito, ficará automaticamente
impedido de jurisdicionar no processo, impondo-se o deslocamento de outro
magistrado de comarca distinta”, diz a nota.
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