A maior delas foi a de gripe
espanhola, com mais de 50 milhões de mortes no mundo entre 1918 e 1920. A
última do século 20 havia sido a da gripe de Hong Kong, em 1968, com 1 milhão
de vítimas fatais.
O mundo estava há quatro décadas
sem enfrentar uma pandemia quando, em março de 2009, o governo mexicano foi
informado do aumento do número de jovens adultos que sofriam de uma doença
respiratória aguda. Em pouco tempo, casos foram também registrados nos Estados
Unidos.
No mês seguinte, um novo subtipo
do vírus influenza H1N1 foi identificado em amostras de pacientes coletadas nos
dois países. Tratava-se de uma variedade inédita, surgida em animais e capaz de
infectar humanos.
Os vírus influenza do grupo A, do
qual o subtipo de H1N1 identificado em 2009 faz parte, sofrem mutações
frequentes e produzem novas cepas contra as quais não temos imunidade.
Os coronavírus já demonstraram
ter essa capacidade. Esta família de vírus é conhecida desde aos anos 1960 e
circula em animais, principalmente morcegos.
Até agora, sabia-se que seis
coronavírus eram capazes de sofrer mutações, saltar a barreira entre espécies e
infectar pessoas — o novo coronavírus, batizado oficialmente como Sars-Cov-2, é
o sétimo.
Até o momento, não se sabe
exatamente qual animal foi o ponto de partida para a atual pandemia, mas, em
2009, porcos cumpriram essa função.
H1N1 se disseminou rapidamente
pelo mundo
Para ser capaz de causar uma
pandemia, como é chamada uma epidemia em escala global, um vírus precisa também
conseguir se replicar em seres humanos, ser facilmente transmitido entre
indivíduos da nossa espécie e causar uma doença grave.
Foi o que ocorreu com o novo
subtipo de H1N1, que, quatro meses depois de ser descoberto, havia se
disseminado pelo planeta em grande velocidade, por meio do sistema aéreo
global, como ocorreu na pandemia atual, e chegado a mais de 120 países.
Em 11 de junho, a OMS declarou
que o mundo enfrentava uma pandemia de gripe suína. Seu fim só seria anunciado
pela agência 14 meses depois.
Estudos científicos estimam hoje
que de 11% a 24% da população global na época — entre 700 milhões e 1,7 bilhão
de pessoas — tenha contraído o novo vírus.
A princípio, a OMS apontou que
cerca de 18 mil pessoas morreram por causa da gripe suína, mas, em um estudo
posterior, reviu esse total para 200 mil.
O Centro de Controle e Prevenção
de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) calcula que esse número
pode ter chegado a 545,4 mil no primeiro ano de circulação do novo subtipo de
H1N1.
A OMS apontou em seu último
relatório emitido durante aquela pandemia que 214 países e territórios
registraram casos da gripe suína.
Com o Brasil, não foi diferente —
e, como afirma o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, em
um estudo realizado junto com outros cientistas brasileiros e publicado em
2009, o país foi “seriamente afetado”.
O estudo do Instituto de Medicina
Tropical da USP, feito com base nos dados do Ministério da Saúde, aponta que,
em 2009 e 2010, foram notificados 105.054 casos no Brasil, dos quais 53.797
(51,2%) foram confirmados como sendo do novo subtipo de H1N1. Deste total de
casos confirmados, 98,2% ocorreram em 2009.
Mas, como afirma um estudo
liderado pelo médico Antonio Nassar Junior e publicado na Revista Brasileira de
Terapia Intensiva em 2010, o número de casos foi provavelmente muito maior do
que apontam os dados oficiais.
A pesquisa destaca que, como
passaram a ser testados apenas os pacientes em estado grave a partir de dado
momento, muitas pessoas com sintomas leves podem não ter sido diagnosticadas.
O Ministério da Saúde já informou
que o mesmo ocorre agora e estima que 86% dos casos de covid-19 deixam de ser
identificados, no Brasil e em outros países.
No Brasil, entre os 53.797 casos
confirmados do novo H1N1 em 2009, houve 2.098 mortes, o que aponta para uma
taxa de letalidade foi de 3,9%, de acordo com o estudo da USP.
VEJA A INTEGRA DA MATÉRIA BBC NEWS BRASIL
Rafael BarifouseDa BBC News
Brasil em São Paulo
Fonte: Blog Flávio Aires
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