CAMILA RIBEIRO
O promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro, coordenador do Gaeco |
O Gaeco (Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado)
monitorou a realização de saque no valor de R$ 240 mil, em uma agência do Banco
do Brasil, em Várzea Grande, realizada por um dos acusados de envolvimento em
desvios de mais de R$ 62 milhões (valores corrigidos) dos cofres da Assembleia
Legislativa.
Detalhes do saque, realizado em 2009, estão em um relatório de
informações do Gaeco, ao qual o MidiaNews teve acesso com exclusividade.
O saque foi feito, segundo o Gaeco, por Elias Abraão Nassarden
Júnior, em 15 de outubro daquele ano.
Por volta das 16 horas, o investigado chegou até a agência. Na
ocasião, ele estava acompanhado de um homem, que segundo as investigações,
seria seu sogro.
“Nessa ocasião o investigado Elias conduzia o veículo Toyota
Hillux, de cor preta, placa DJO-6992, que conforme dados do Detran-MT o
referido veículo esta em nome do investigado Leonardo Maia Pinheiro”, diz
trecho do relatório.
Conforme o MidiaNews já noticiou, Leonardo Maia também está entre
os denunciados pelo MPE e réus na Justiça, e também foi alvo de ação de
monitoramento por agentes do Gaeco (Leia AQUI).
Ainda segundo o relatório, Elias Nassarden e a pessoa que o
acompanhava adentraram na agência. Passados aproximados 30 minutos, o home que
acompanhava o suspeito saiu da agência e permaneceu no veículo, que estava nas
proximidades do banco.
Elias, por sua vez, deixou a agência por volta das 17h45, portando
uma pasta, do tipo usada para carregar notebook, na cor preta.
“Andanças”
Após a realização do saque, sempre em companhia de seu suposto
sogro, o investigado fez uma série de “paradas” em empresas, em Várzea Grande e
em Cuiabá.
“Dali (da agência) o investigado se dirigiu até a sede da empresa
“Amplo Farma”, onde conversou sem descer do veículo com outra investigada, Sra.
Jeanny Laura Leite Nassarden. Após o breve diálogo deslocou-se tomando rumo a
Cidade de Cuiabá, parando novamente na “Orion” empresa revendedora dos veículos
Toyota, localizada na Avenida da FEB, ainda na cidade de Várzea Grande-MT”,
narra o relatório do Gaeco.
“Consequentemente após conversar com funcionários da empresa em
destaque, o investigado saiu novamente, seguindo desta vez, pela Avenida Miguel
Sutil já na Cidade de Cuiabá – MT. Ao aproximar –se do Auto Posto 3 Rs
localizado na Avenida Miguel Sutil, o investigado parou o veículo e adentrou em
um ponto comercial denominado “Pokemon Motos”, localizado na Avenida Miguel
Sutil nº 12.548, ao lado do Posto 3 Rs”, narraram os agentes do Gaeco.
O Gaeco observou que, no momento em que Elias Nassarden desceu do
veículo e adentrou na empresa Pokémon Motos, ele portava uma sacola plástica de
cor branca.
Contudo, conforme verificado pelos agentes, ao retornar ao
veículo, o investigado não estava mais de posse da referida sacola.
Da Pokemon Motos, Elias seguiu para o bairro Lixeira, e estacionou
seu veículo em frente ao edifício Residencial Antares, por onde permaneceu por
cerca de 50 minutos.
"Posterior há alguns
minutos, o investigado saiu novamente do veículo, desta vez portando a mesma
pasta tipo notebook de cor preta e adentrou no Edifício Monreale, permanecendo
por aproximados 10 minutos, e para nossa surpresa, o investigado saiu sem a
pasta de notebook, que possivelmente estaria com o montante de dinheiro sacado
naquela tarde da Agência do Banco do Brasil" Monreale
Do Edifício Antares, Elias Nassarden se deslocou, desta vez
sozinho, até o Bairro Quilombo, ainda em Cuiabá, parando em frente ao Edifício
Monreale, localizado na Rua Estevão de Mendonça nº 1.021.
Segundo o Gaeco, neste edifício residia o então servidor da
Assembleia Legislativa Edemar Nestor Adams, falecido em 2010. O Ministério
Público Estadual (MPE) considera que Adams era o homem que operava o suposto
esquema na Casa a mando do ex-deputado e ex-presidente da Assembleia, José Riva
(PSD).
“No mesmo instante que parou, deslocou até a Guarita do Edifício e
conversou com o porteiro do prédio, retornando novamente ao veículo
permanecendo ali estacionado, pois esperava algum morador do Edifício que ainda
não havia chegado”, diz o relatório.
“Posterior há alguns minutos, o investigado saiu novamente do
veículo, desta vez portando a mesma pasta tipo notebook de cor preta e adentrou
no Edifício Monreale, permanecendo por aproximados 10 minutos, e para nossa
surpresa, o investigado saiu sem a pasta de notebook, que possivelmente estaria
com o montante de dinheiro sacado naquela tarde da Agência do Banco do Brasil”,
conclui o relatório.
Denúncia
A ação civil proposta pelo Ministério Público acusa 15 pessoas de
envolvimento em desvios de verbas da Assembleia. A ação culminou na prisão do
ex-presidente da Casa, José Riva (PSD), em 21 de fevereiro passado.
Segundo o MPE as fraudes eram realizadas por meio de licitações
fraudulentas e compras fictícias de materiais de papelaria.
Segundo o Gaeco, cinco papelarias "venderam" mais de 30
mil toners à Assembleia. Contudo, à época dos fatos, o Poder contava com apenas
150 impressoras.
As cinco empresas envolvidas no suposto esquema são: Livropel
Comércio e Representações e Serviços Ltda; Hexa Comércio e Serviços de
Informática Ltda; Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda; Real
Comércio e Serviços Ltda-ME e Servag Representações e Serviços Ltda.
Além de Riva, foram denunciados a sua esposa, Janete Riva,
servidores públicos e empresários.
São eles: Djalma Ermenegildo, Edson José Menezes, Manoel Theodoro
dos Santos, Djan da Luz Clivatti, Elias Abrão Nassarden Junior, Jean Carlo
Leite Nassarden, Leonardo Maia Pinheiro, Elias Abrão Nassarden, Tarcila Maria
da Silva Guedes, Clarice Pereira Leite Nassarden, Celi Izabel de Jesus, Luzimar
Ribeiro Borges e Jeanny Laura Leite Nassarden.
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